Todas as 187 pessoas que estavam no avião morreram carbonizadas. Outras 12, que estavam no prédio da TAM Express, também morreram, totalizando 199 vítimas. Quatro corpos não chegaram a ser localizados entre todo o material retirado dos escombros e analisado pelo Instituto Médico Legal (IML). Entre as pessoas que escaparam vivas da tragédia, estava o supervisor de cargas da TAM Express, Valdiney Nascimento Muricy, que saiu do hospital em 6 de setembro.
Gravações transcritas da caixa-preta do avião mostraram o desespero dos pilotos na hora do acidente e a tentativa do comandante de desacelerar a aeronave: "olhe isso, desacelera, eu não consigo, oh meu Deus, oh meu Deus, vira, vira". Depois, ouviu-se apenas um forte som de compressão e gritos dentro da cabine. Em seguida, a batida contra o prédio da TAM Express.
A transcrição, divulgada pela CPI do Apagão Aéreo da Câmara, aumentou as suspeitas de que a pista molhada tivesse sido a causa do acidente. Na época, a pista principal havia sido liberada, após obras de recuperação, sem a conclusão do grooving (ranhuras no asfalto que permitem o escoamento da água).
A Agência A queda foi causada por um dos motivos mais improváveis para os especialistas em segurança da aviação: a colisão com outra aeronave em pleno vôo. No caso, o choque se deu com um Legacy da Embraer, pilotado por dois americanos que levavam o jato para os EUA. Os seis ocupantes do Legacy não sofreram ferimentos, e conseguiram aterrissar em uma base militar na região da Serra do Cachimbo, em Mato Grosso. Passado o primeiro momento de resgate dos corpos das vítimas, a investigação sobre a causa do acidente apontou um emaranhado de versões diferentes e uma infindável troca de acusações entre os envolvidos. A Polícia Federal apreendeu os passaportes de Jan Paladino e Joe Lepore, os pilotos do jato, e iniciou a investigação. Logo surgiu o primeiro vilão: o problemático sistema de monitoração de tráfego aéreo. Em seguida vieram outros, e termos como transponder, caixa de voz, sistema anticolisão e plano de vôo tornaram-se comuns no vocabulário do brasileiro. As trocas de acusações prosseguiram. Os controladores protestaram contra condições de trabalho precárias. O governo respondeu e disse que não sabia da situação caótica. As tais zonas cegas nos radares foram comprovadas e os pilotos do Legacy foram liberados após indiciamento. Os controladores não aceitaram a pressão e lançaram a chamada "Operação Padrão". O céu brasileiro literalmente parou no ano em que o País celebrou o centário do vôo do 14-Bis de Santos Dumont.
de Aviação Civil (Anac) foi acusada de apresentar à Justiça que autorizou o funcionamento da pista mesmo sem o grooving concluído, um documento sem validade, assegurando a segurança das operações, foi acusada de enganar a juíza que autorizou o funcionamento da pista.
Estava para se completar uma década desde a queda do Fokker 100 da TAM em São Paulo, o último grave acidente aéreo no Brasil, quando o País foi surpreendido pelo desaparecimento de um Boeing 737-800 da Gol, na Amazônia. Horas depois veio a confirmação: a aeronave caíra em mata fechada matando os 154 ocupantes, no maior desastre da aviação brasileira.Sebastião Moreira/Agência Estado
Destroços foram encontrados em meio à mata fechada
Outros fatores, no entanto, também foram apontados como possíveis causas do acidente, entre eles a falta do reversor (sistema de frenagem) direito da aeronave, a posição incorreta do manete (controlador de velocidade) no momento do pouso, pane mecânica e falha dos comandantes. O relatório final do caso, investigado pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáutico (Cenipa), ainda não foi divulgado.
Para exigir transparência nas investigações, os parentes das vítimas criaram, em 20 de outubro, uma associação de familiares. Dário Scott, que perdeu uma filha de 14 anos no acidente, foi eleito o presidente do grupo.
Pelo menos 13 indenizações às famílias das vítimas haviam sido pagas até novembro, segundo informou a TAM. Até o mesmo período, 90 famílias já haviam recebido seguro obrigatório. Responsabilidade do Explorador e Transportador Aéreo (Reta), cujo valor é de R$ 14.833 por vítima. Conforme a empresa, R$ 1,3 milhão já foram gastos com o pagamento deste seguro.